O Transtorno do Espectro Autista (TEA) está classificado na 5a edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria (2013) como um transtorno do neurodesenvolvimento. Estão incluídas nessa nova categoria pessoas que foram diagnosticadas anteriormente segundo o DSM-IV-TR com “transtorno autista, transtorno de Asperger ou transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação” (p. 51), abrangendo, assim, um amplo espectro de sintomas e gravidade variados. Os critérios diagnósticos essenciais apresentados no DSM-5 sustentam-se em dois pilares: Critério A – déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos; Critério B – padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.
É heterogêneo em muitas formas, incluindo sua trajetória de desenvolvimento: enquanto a maioria das crianças com um diagnóstico de TEA continua a vivenciar dificuldades sociais substanciais na vida adulta, um subconjunto pode não mais preencher os critérios diagnósticos (Gillberg, Helles, Billstedt, & Gillberg, 2016). Nos casos mais leves, não são identificados atrasos na linguagem, pois nessa área do desenvolvimento as diferenças devem-se às alterações pragmáticas e à fala pedante (Lopes-Herrera & Almeida, 2008) com alterações no padrão da prosódia, que podem interferir na passagem de mensagens importantes para a comunicação humana (Globerson, Amir, Kishon-Rabin, & Golan, 2015; Olivati, Assumpção Junior, & Misquiatti, 2017).

A capacidade de imaginar ou de compreender o ponto de vista do outro ou formar a auto representação da realidade é denominada, no campo de estudo da cognição, de teoria da mente. Acredita-se que as características cognitivas de indivíduos com TEA decorrem da ausência de teoria da mente. A falta do brincar lúdico ou uma brincadeira com roteiro repetitivo é uma característica típica das crianças com TEA. Essa concepção é reforçada pela descoberta dos “neurônios-espelho”, no início dos anos 1990. Esses neurônios são ativados na execução de uma tarefa e na visualização da mesma tarefa realizada por terceiros, especialmente em atos intencionais ou com conteúdo emocional. Desta forma, estariam envolvidos com a empatia, a compreensão de intencionalidade e a imitação. Desde o final dos anos 1990, pesquisadores passaram a investigar a possível relação entre autismo e diminuição da atividade desse sistema neuronal, o que estudos iniciais têm confirmado (Ramachandran; Oberman, 2006).